segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Projeto II/2010 - Tema 02 - Casa Térrea

Orientações para o exercício projetual...

Você deverá elaborar um projeto de uma casa destinada a um engenheiro civil que mora sozinho na cidade de Belém. Com 35 anos de idade, nascido em outro estado, trabalha cerca de 6 a 8 horas por dia em uma instituição pública federal, de onde é funcionário concursado.
Leitor compulsivo, o rapaz possui uma biblioteca com, aproximadamente, 5.000 volumes e, quando está em casa, passa o tempo estudando, assistindo televisão ou escutando música. Gosta, também, de cuidar de plantas e criar gatos.
Sua vida social é bastante restrita, e não costuma receber ninguém em sua residência. Seus pais, entretanto, que moram em sua cidade natal, o visitam com certa freqüência, passando, nessas ocasiões, temporadas de, em média, uma semana.
O engenheiro tem como contratada uma senhora que, a cada três dias, faz a limpeza, cozinha, lava e passa as roupas. Normalmente apenas janta em casa, aquecendo e servindo, ele próprio, sua comida. Costuma ir a supermercados e feiras semanalmente. Uma vez por mês um faxineiro é chamado para realizar limpezas mais pesadas.
Possui um carro de modelo esportivo, no qual, por hábito, em alguns finais de semana, passa significativo tempo manuseando os acessórios.
Não há nenhuma preferência quanto a formas ou materiais para a futura casa. Há, apenas, a exigência de que o projeto possibilite, ao máximo, o aproveitamento da ventilação e iluminação naturais. O orçamento é restrito e a casa deverá possuir configuração rigorosa, de modo que não se desperdicem espaços.
O terreno mede 20 x 40, é plano e regular, e localiza-se em um condomínio fechado.

domingo, 16 de maio de 2010

Projeto III / 2010 - Lote para a elaboração do Trabalho 02

Alunos, segue o lote a ser utilizado para a elaboração do nosso segundo projeto. A área está situada à confluência da Rua Boaventura da Silva (lado maior) com a Travessa Quintino Bocaiúva (lado menor), e, para o exercício projetual, considerem que o terreno é plano e regular.

domingo, 9 de maio de 2010

ProjetoIII/2010 Trabalho 02 - Revenda de Veículos - Programa Básico de Necessidades

A loja de revenda de veículos a ser projetada terá como objetivo a comercialização de automóveis e motocicletas usados, destinados ao público em geral. Funcionará em horário ininterrupto, das 9:00h às 19:00h e lá trabalharão, aproximadamente, 18 funcionários de acordo com a estrutura descrita abaixo. A capacidade de comercialização, ou seja, o número de veículos a serem negociados simultaneamente dependerá da natureza do espaço proposto.
A boa funcionalidade do futuro prédio será condição essencial para o sucesso do empreendimento e o correto inter-relacionamento entre seus setores, divididos em PÚBLICO, ADMINISTRATIVO e SERVIÇOS, não poderá ser negligenciado. Esses setores deverão funcionar de forma independente, sem que haja conflitos de fluxos de circulação nem interferência de funções, e serão constituídos dos seguintes ambientes:

- SETOR PÚBLICO:

- SALÃO DE VENDAS
É o principal compartimento da edificação. Deverá ser acessado pelo público diretamente do exterior, e possuirá basicamente três ambientes: a área de exposição e vendas, a ilha de atendimento e a sala de espera.
A área de exposição e vendas deverá ser um ambiente amplo, bem iluminado, onde os veículos ficarão à mostra para suas negociações. Deverá ser dimensionado de maneira que os clientes possam ter o máximo de conforto para transitar e observar os veículos expostos.
A ilha de atendimento será constituída de pontos de apoio para os vendedores realizarem os negócios. Serão postos de trabalho abertos, dotados de mesa com computador e cadeiras para interlocutores. Sua posição deverá ser estratégica, sendo seus postos concentrados em um só local ou distribuídos pelo salão, conforme a concepção proposta.
A sala de espera deverá ser um local dotado de um ou dois conjuntos de sofás, mesas de centro e/ou canto para apoio, e aparelhos eletrônicos de entretenimento e informação (televisor, vídeo-cassete, DVD Player, etc).
O Salão poderá possuir climatização artificial ou natural. Deverá oferecer segurança aos veículos em exposição quando a loja estiver fechada e sua concepção deverá possibilitar máxima visibilidade possível para que seus objetos de comercialização possam ser vistos da rua.

-SALA DOS DESPACHANTES E CORRETORES
Ambiente destinado a apoio para as atividades de licenciamento e legalização dos veículos, aquisição de seguros e outros serviços correlatos. Será uma sala para quatro despachantes e/ou corretores, cada um trabalhando em uma mesa com computador e cadeiras para interlocutores.

-GERÊNCIA
A Gerência será uma sala na qual trabalhará o gerente da loja. Possuirá uma mesa com computador, e cadeiras para interlocutores. A sala ainda poderá possuir um pequeno sofá, se assim o projeto definir.

- SANITÁRIOS PÚBLICOS
Haverá sanitários (2) dotados de uma bacia e um lavatório, destinados aos clientes. Seu posicionamento possibilitará acesso direto do salão, sem que seja violada a privacidade se seus usuários.

- SETOR ADMINISTRATIVO:

- ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO
É o ambiente no qual trabalharão três pessoas que cuidam da administração geral da loja, no que diz respeito à manutenção do prédio, gerenciamento de pessoal, cadastro de clientes, etc. Cada um trabalhará em uma mesa com um computador, e terá à sua disposição um armário baixo de três portas. Além desses móveis, haverá, também, um armário alto de seis portas para uso comum. Esse ambiente terá climatização artificial.

- INFORMÁTICA
Ambiente onde estarão três computadores que atuam como servidores de rede, dados e internet da empresa. Nesse local trabalharão duas pessoas, que possuirão à sua disposição equipamentos periféricos, também (impressoras etc), além de armário baixo de seis portas. A climatização artificial é imperativa para o bom funcionamento das máquinas.

- ESCRITÓRIO EXECUTIVO
É o compartimento onde será desenvolvida a direção geral da loja. Esse cargo, no nosso caso, será ocupado pelo proprietário da empresa, o qual possuirá em sua sala uma mesa de trabalho, uma mesa com um computador e uma pequena mesa redonda de reuniões para 6 lugares, além de um armário baixo de três portas. Esse ambiente possuirá um lavabo privativo, dotado de bacia, lavatório e um chuveiro. Também será climatizado artificialmente.

- ESPERA
Na sala de espera dos escritórios trabalhará a secretária geral que, além de receber e drenar os eventuais visitantes, poderá fazer serviços de digitação de interesse da empresa. Para isso, terá à sua disposição uma mesa com um computador e ficará posicionada em ambiente não necessariamente fechado, dotado de dois pequenos sofás de dois lugares cada.

- TELEFONISTA
A (o) telefonista ficará posicionada em uma sala igualmente climatizada, onde trabalhará não só com uma central telefônica como também com um computador de onde extrairá informações para solicitações externas.

- REUNIÕES/TREINAMENTO
Local destinado a reuniões e treinamento de pessoal. Climatizado artificialmente, esse ambiente deverá ter capacidade para 20 lugares, com mobiliário flexível para possibilitar os diversos usos previstos para o ambiente.

- SETOR DE SERVIÇOS:

- COPA
Será o local de apoio físico para a alimentação dos funcionários. Possuirá uma geladeira e um balcão com dimensões suficientes para uma cafeteira pequena, um forno de microondas, uma cuba inox e espaço livre para quatro pessoas fazerem refeições rápidas. As partes superiores e inferiores do referido balcão poderão ser utilizadas como depósito para materiais de limpeza, materiais descartáveis e outros utensílios afins.

- DEPÓSITO
Local onde serão armazenados materiais de natureza diversa.

- SANITÁRIOS PARA FUNCIONÁRIOS
Os dois sanitários destinados aos funcionários serão compostos cada um por dois boxes fechados, um para chuveiro e outro para bacia, dois lavatórios e área para vestiário com armários metálicos de seis lugares. O sanitário masculino possuirá, também, um mictório individual.

- LIXO
Esse ambiente é, acima de tudo, uma exigência legal. Destina-se ao armazenamento dos resíduos sólidos até o momento de sua coleta pelo serviço público e será ligado diretamente ao exterior da edificação.

-DIQUE DE LAVAGEM
Local externo ao prédio, no qual os carros a serem comercializados serão lavados antes de irem à exposição. Contíguo ao dique, deverá haver um espaço não necessariamente coberto, para que sejam efetuados a limpeza interna e o polimento dos carros.

A Loja deverá possuir acessos para público e para serviços totalmente distintos e independentes, para que possam ser utilizados de forma simultânea sem nenhum tipo de prejuízo para eles.
O dimensionamento dos estacionamentos, tanto para público quanto para serviços, deverão seguir a Lei Municipal vigente. É desejo do proprietário, entretanto, que haja uma vaga privativa separada das vagas públicas.
Apesar de que a maioria dos ambientes será climatizada artificialmente, o conforto ambiental térmico deverá ser um dos principais determinantes projetuais, já que fazer o sistema de condicionamento de ar funcionar sem excessivos gastos de energia é também parte fundamental do planejamento financeiro da empresa.
Especial atenção deverá ser dada à adequação da edificação para o uso de portadores de necessidades especiais, eventualmente integrantes do quadro de funcionários da empresa ou de seu público consumidor. Estacionamentos, acessos, circulações, sanitários e demais espaços não poderão oferecer obstáculos nesse aspecto.
O cliente deseja que o programa seja desenvolvido em dois níveis para melhor aproveitamento do espaço do lote. Quanto ao aspecto externo da edificação, a única recomendação é de que haja espaço para programação visual, legível o máximo possível, mas que seja tratada de forma a não se destacar mais do que as formas arquitetônicas do futuro prédio.

É importante observar que a Lei do Uso do Solo em vigor na cidade deverá ser rigorosamente obedecida.

Projeto III - 2010. Instruções para a entrega dos trabalhos.

Alunos, deverão ser entregues os seguintes desenhos, arrumados em pranchas, todos cotados e especificados interna e externamente:

- Planta Baixa (escala 1:50);
- Planta Baixa com Lay-out (escala 1:50);
- Planta de Cobertura (escala 1:50);
- 4 cortes (escala 1:50);
- 4 fachadas (escala 1:50);
- Planta de locação e situação (escala 1:200);
- Maquete eletrônica.

Todo o trabalho poderá ser entregue em arquivos eletrônicos, inclusive a maquete. Não há necessidade de plotagem, basta entregar um CD ou DVD com o material. Para aqueles que preferirem entregar o trabalho desenhado à mão, o produto é o mesmo, à exceção da maquete eletrônica, a qual deverá ser substituída por 2 perspectivas externas, com diferentes pontos de observação.

Lembrem-se que o dia limite para a entrega do trabalho será na segunda-feira, dia 17 de maio de 2010, na aula de projeto.

terça-feira, 30 de março de 2010

Lei que estabelece o número de vagas de estacionamento nas edificações, em Belém

Alunos, embora boa parte de seu conteúdo já esteja atualizado, a Lei Complementar nº 02, de 19 de julho de 1999, ainda determina, em Belém, o cálculo do número de vagas de estacionamento nas edificaçoes. As tabelas que instruem esse dimensionamento estão entre as páginas 51 a 58 da referida lei.

Projeto III / 2010 - Lote para a elaboração do Trabalho 01

Alunos, segue o lote a ser utilizado para a elaboração do nosso primeiro projeto.

domingo, 28 de março de 2010

Discurso para a formatura da Turma Arquitetos 2010 - UFPA

Outro dia cheguei para o meu sagrado futebol das tardes de sábado e encontrei um grupo de amigos discutindo, para minha surpresa... Arquitetura! É verdade. Uma turma de “peladeiros”, integrada por médicos, advogados, militares, operários, empresários, engenheiros, funcionários públicos, enfim, indivíduos de diferentes formações em acalorada polêmica sobre determinada obra pública da nossa cidade. Entrei, então, na conversa e, inocentemente, achei que iria, com meus argumentos de arquiteto, colocar tudo no devido lugar e criar um senso comum sobre a matéria. Crasso engano. Minha opinião foi apenas mais uma. Esclareci alguns aspectos da coisa, mas pouco interferi nos juízos, sobretudo qualitativos, que aquela gente fazia da edificação ali tratada.

A discussão só acabou quando começamos a jogar. Mas eu, debaixo da trave, devidamente paramentado de goleiro, ainda imerso na polêmica, pus-me a refletir sobre a questão em si. Dei-me conta de que já havia presenciado outras situações semelhantes àquela. Debates sobre arquitetura em círculos de não arquitetos. Pessoas sem formação sistemática na área manifestando, de maneira convicta, pareceres sobre prédios, os achando feios ou bonitos, imponentes ou discretos, expressando razões para sentirem-se bem ou mal dentro ou diante deles, por exemplo.

E a bola rolando, e eu pensando no assunto. Até que, distraído que estava, tomei um gol, uma enorme bronca do time todo, e comecei a prestar atenção no jogo.

Essa historiazinha, divertida para alguns, tola para outros, e confesso, aqui ligeiramente dramatizada, é apenas o mote, a fim de chamarmos a atenção para um fato de grande seriedade e profundidade: A universalidade da arquitetura, e sua obrigatória presença na vida de todos nós, independentemente de nossas vontades ou mesmo consciências.

Sabemos que essa afirmação é forte, presunçosa talvez, já que eleva a arquitetura à condição de coisa onipresente frente à humanidade. Compreendemos, também, que pelo natural clima de emoção característico das solenidades de formatura, alguns discursos ocasionais tendam a supervalorizar as profissões nas quais os colandos nesses momentos se graduam. Tentaremos, entretanto, respeitando a natureza deste evento, demonstrar a admissibilidade do que dizemos, afastando o referido sentido de exagerada glorificação da arquitetura.

Para se comprovar uma tese é necessário, dentre outras coisas, evidenciar a aceitabilidade das principais razões que a sustentam. Apresentemos, então, nesse sentido, algumas justificativas conceituais que nos conduzam a admitir ser a arquitetura essa coisa de interesse tão comum, coletivo, diante da qual dificilmente ficamos indiferentes. Podemos, por exemplo, em raciocínio simplificado, afirmar que:

- ficamos sensibilizados diante da arquitetura porque ela fisicamente expressa importantes valores de nossa cultura;

- estamos interessados em arquitetura, pois ela manifesta materialmente a condição social, política e econômica do nosso povo;

- consideramos importante a arquitetura porquanto ela anuncia o estágio de desenvolvimento tecnológico da nossa civilização;

- estamos vinculados à arquitetura, enfim, porque ela denota a presença humana sobre a terra.

Embora escolhidas por suas abrangências dentre múltiplos conceitos sobre o assunto, essas assertivas, assim enunciadas de maneira genérica, são razoáveis, plausíveis. Entretanto, investigadas mais a fundo, talvez não sejam suficientes para explicar o tipo de envolvimento coletivo com a arquitetura que aqui defendemos existir. Embora claras, as citadas proposições estão fundamentadas em aspectos cujas plenas compreensões não são massificadas. Apenas os estudiosos do tema possuem a exata dimensão do significado daqueles termos para o contexto arquitetônico. Dessa forma, o universal poder atrativo da arquitetura não pode residir, apenas, nesse nível de entendimento conceitual, pois ele é coisa para poucos. Há de existir outra fundamentação, de maior amplitude, envolvendo algo que seja comum à essência de todos os seres humanos.

Seguindo nessa direção, assumimos uma linha naturalista de pensamento na qual encontraremos o caminho para a demonstração da aceitabilidade da tese aqui defendida. O matemático e biólogo polonês Jacob Bronowsky é quem nos dá o rumo procurado ao afirmar, em sua magnífica obra intitulada “A escalada do homem”, que “...a natureza – ou seja, a evolução biológica - não moldou o homem de modo que se ajuste a nenhum ambiente em particular. Pelo contrário ...ele vem ao mundo trazendo um equipamento de sobrevivência muito rudimentar.” Diferentemente de outros animais, sua pele não está preparada para enfrentar, desprovida de proteção, o variado meio ambiente de todos os lugares do globo terrestre por onde sua vida se desenvolve. Ao lado da fragilidade física, entretanto, a espécie humana possui o dom do raciocínio, do intelecto. E é com esse atributo que ela, espécie humana, também movida pelo instinto e necessidade de sobrevivência, desenvolveu vestimentas, e, sobretudo, artefatos arquitetônicos que a protegesse da morte.

Nas sociedades primitivas a construção do abrigo era uma habilidade dominada por todos. Com o passar do tempo e a evolução dos agrupamentos humanos, a arquitetura especializou-se como tarefa exclusiva daqueles que conhecem seu campo disciplinar. Apesar disso, contudo, o generalizado vínculo do homem com a arquitetura não morreu, pois o poder instintivo que ensejou o surgimento desta jamais foi apagado do inconsciente coletivo.

Por mais que, atualmente, a produção da arquitetura esteja sob responsabilidade restrita de seus profissionais, persiste indispensável à sobrevivência a existência de abrigos, e sua busca é necessidade básica da raça humana. Diante do exposto, penso eu, explica-se o fato de a arquitetura ser objeto da preocupação de todos, capaz de suscitar discussões até em um campo de futebol, como aqui exemplifiquei.

É bem verdade que o raciocínio ora desenvolvido possui cunho filosófico, e, como tal, dele tanto é legítimo concordar quanto discordar. O saudoso Professor Arquiteto Elvan Silva, parafraseando o filósofo Louis Althusser, nos ensina que determinadas proposições arquitetônicas “...são afirmações não-evidentes por si próprias, insuscetíveis de demonstração ou verificação objetiva, mas capazes de ser qualificadas como corretas (ou justas), na medida em que podem produzir a persuasão de sua própria correção a partir da consistência dos argumentos envolvidos.”

Portanto senhoras e senhores, independentemente de havê-los, com meu breve discurso, convencido de que estamos, todos, profundamente envolvidos com a arquitetura, creio ser indubitável o significativo papel que ela desempenha na vida humana.

Assim sendo, meus caros colandos, estejam conscientes da importância da profissão que, a partir de agora, exercerão, e tenham muito orgulho do que escolheram como ofício. Espero, também, que construam suas carreiras com responsabilidade e, sobretudo, dignidade.

O melhor que posso desejá-los, meus novos colegas, é que nossa profissão proporcione a vocês alegrias na mesma intensidade das que me foram proporcionadas ao longo de nossa convivência acadêmica, e, em especial, desta que me é proporcionada neste momento.

JMCB - março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

"Devagar, se vai ao longe..." (1992)

Palestra proferida por José Maria Coelho Bassalo em 07/11/92, por ocasião do II ENCONTRO DOS NOVÍSSIMOS ARQUITETOS, realizado pela União das Escolas Superiores do Pará - UNESPA (hoje UNAMA), em Belém-Pará.

A grande maioria dos arquitetos, no período compreendido entre o seu último ano da universidade e os primeiros anos após a graduação, passa, frente à profissão, por algumas inquietações que, se não chegam a angustiar, no mínimo, chegam a incomodar.
É bastante comum nos concluintes de Arquitetura um sentimento que, no meu tempo de Faculdade, se chamava “a síndrome do 5o ano" que acontece quando o aluno começa a se questionar a respeito dos caminhos que irá trilhar após receber o tão esperado diploma. "E agora? O que é que eu vou fazer? Será que o Chefe vai deixar eu continuar estagiando no escritório? Vou trabalhar onde? Quanto ganha um arquiteto?". Esses tipos de perguntas começam a "martelar" dia e noite a cabeça dos futuros profissionais que vêem chegar rapidamente a hora de encaminhar seus destinos, pois já não vai mais funcionar o grande argumento, o de ainda ser estudante, uma tradicional e boa desculpa para um pouco de relaxamento no trato com a vida.
Entretanto interrogações dessa natureza não são "privilégio" dos concluintes de Arquitetura e existem em todas as áreas estudantis pois elas, as interrogações, são decorrentes das sombrias perspectivas do mercado de trabalho para novos (e até mesmo velhos) profissionais face à interminável crise na qual o Brasil está mergulhado.
Paralela, e paradoxalmente, a essas inquietações, também uma certa euforia começa a tomar conta do futuro profissional, pois está cada vez mais próximo da realização o velho sonho de ver o seu próprio nome escrito numa placa de autoria de projeto, pendurada no tapume de obra. Aliás, na época da minha graduação, era também tradicional o exercício de criar uma placa de obra ou um cartão de visitas com o nosso nome, logomarca do futuro escritório e outras coisas dessa natureza.
A enorme ansiedade provocada pela atmosfera que envolve o momento de "virar", pelo menos no aspecto legal, arquiteto, é o suficiente para tirar boas horas de sono. Alguns de nós dramatizam um pouco esse período e o encaram como um verdadeiro problema, digno das mais profundas angústias. Tem gente que até pensa em fazer outro curso, só para jogar mais para frente, isto é, adiar a mudança de comportamento que a formatura provoca e requer.
Mas para quem está achando que o problema reside em poder ou não exercer tranquilamente a profissão; em se vai ou não haver projetos para fazer, sossegue. Esses não são os nossos reais problemas. Sempre há um meio de trabalhar condignamente dentro da arquitetura, pois a diversidade de atividades ligadas à área é enorme. Ganhar bem ou não, é outra questão. Mas, no mínimo, sobreviver é possível.
Os problemas da profissão na verdade são outros e apenas vão começar a aparecer quando nos for encomendado o primeiro projeto. A enorme alegria de iniciar a carreira profissional é subitamente transformada em um certo temor de desenhar uma edificação que vai ser realmente construída. Esse sentimento decorre da insegurança do nível de aprendizado que certas universidades propiciam e que, a partir desse momento, vai ser testado pelo seletivo mercado de trabalho.
É importante ressaltar que nem todos os novíssimos arquitetos experimentam tal sensação, a exemplo dos inconscientes e dos talentos natos que não hesitam ao projetar a essa altura de suas vidas profissionais.
Mas, voltemos a falar de nós mesmos, da maioria, dos comuns. É natural que, como criancinhas, nesse "momento de perigo" a gente queira a mamãe, particularmente a mamãe profissional, que é, normalmente o dono do escritório onde trabalhamos, um professor amigo, enfim, qualquer arquiteto mais expriente que possa dar uma orientação a mais; profissional com o qual se possa dividir as responsabilidades das decisões ou, trocando em miúdos, dividir a "culpa" do negócio. Analisando calmamente a questão da insegurança, veremos que o problema não reside na dificuldade de conceber os espaços e sim no receio das consequências que um mau projeto provocará antes, durante e depois de sua execução.
O arquiteto quando faz um projeto, em suma, está dizendo ao cliente quanto e como ele vai gastar o seu próprio dinheiro. Se o projeto concebido, é evidente, for de má qualidade, a obra que, a princípio seria a concretização do mesmo, e eu digo a princípio, porque nem sempre os projetos são obedecidos na sua totalidade, também será de má qualidade. É como estar vendendo (sem direito à devolução) uma péssima mercadoria. É ter um custo alto para um benefício baixo. É desperdiçar o dinheiro dos outros.
Situação dessa natureza só acontece quando o cliente não possui um nível mínimo de conhecimentos para "ler" o projeto e identificar falhas que futuramente acarretarão problemas das mais diversas ordens (construtivos, funcionais, estéticos etc) verificados durante a obra e após sua conclusão. É isso que ocorre na maioria das vezes, pois dificilmente se encontram clientes com esse nível de percepção. Até mesmo algumas construtoras, que avaliam os projetos antes de autorizar os seus desenvolvimentos, não percebem algumas "mancadas" registradas no papel. Em consequência disso grande parte dos projetos são aprovados praticamente no escuro, na base da confiança naquilo idealizado pelo arquiteto e ainda não se feito entender. Dessa forma, a qualidade do espaço que a essa altura ainda está traçado no papel é de inteira responsabilidade do seu projetista e suas hesitações, no ato da concepção, são fruto da insegurança que a inexperiência profissional provoca, pois, no início da carreira, quase ninguém possui a exata dimensão da correspondência projeto/obra pronta; de como será, na verdade, um ambiente com lados de 2.40m x 3.60m, pé direito de 2.75m, piso em carpete marron, paredes com pintura acrílica branco gelo e forro em lambris envernizados. É difícil para principiantes (considerem-se os primeiros 10 a 15 anos de exercício profissional, em média) ter a certeza de que aquilo que foi concebido no papel será a realidade futura.
As nefastas consequências de um mau projeto não se restringem apenas ao cliente, ao proprietário, ao usuário imediato do espaço por nós idealizado. É preciso, também, ter a consciência do aspecto coletivo, de a edificação ser um elemento que faz parte de um todo, a cidade, e que precisa com ela se relacionar. Ora, implantar um prédio na cidade é alterar sua configuração, mesmo que seja apenas visual; é interferir, ainda que quase imperceptivelmente, em seu funcionamento, enfim, é participar do jogo de sua evolução. Esse jogo, como diz o Prof. Cristovão Duarte, possui as suas regras e sua ordem e do bom conhecimento delas depende a coerência em segui-las ou subvertê-las. Para intervir na cidade é preciso conhecê-la e senti-la. Quanto maior domínio se possuir sobre a sua história (não só arquitetônica), mais elementos, maiores condições ter-se-á para nela intervir com segurança. É importante dizer, porém, que não há garantia, reforcemos, nenhuma de que um profundo estudioso de teoria e história da arquitetura projete maravilhosas edificações. Conhecer o problema não é necessariamente saber resolvê-lo. Entretanto, assim como para um mecânico é impossível consertar um motor sem entender o seu funcionamento, não se faz arquitetura sem conhecer arquitetura.
Apesar de estarmos, em princípio, conscientes disso, a grande maioria de nós, os novíssimos arquitetos, para usarmos a expressão corrente, ainda não teve ou ainda não demandou tempo para estudar com seriedade a cidade e se inteirar dos caminhos de sua evolução. A esse desconhecimento soma-se a falta de uma tendência definida na arquitetura contemporânea que, no momento, apresenta uma enorme diversidade de caminhos, todos eles, segundo a crítica, efêmeros e inconsistentes, o que provoca um certo temor na hora de se fazer um projeto, uma vez que, diante desse contexto acabamos ficando um pouco perdidos com a lapiseira na mão, com receio de agredir a cidade com uma edificação mal concebida e passar um atestado de incompetência. O edifício é a prova concreta, é o espelho da capacidade do seu criador e vai atravessar algum tempo da história da cidade como testemunho vivo do nível momentâneo do traço desse criador.
Diante do exposto, os mais precipitados poderão concluir que, com pouca experiência profissional, entregar um projeto para construção (sem trocar idéias com os mais experientes) é um ato irresponsável e que o caminho mais coerente é continuar estudando até o momento de atingir um nível mínimo de conhecimentos que permita "riscar" um projeto com segurança, sem medo de produzir um contra-exemplo de arquitetura.
Acontece, porém que o fazer arquitetônico não é aprendido apenas nos livros, nos tratados, nos exemplos. A experiência prática, com seus erros e acertos, é tão importante quanto os estudos teóricos. Não há maneira de avaliar todos os aspectos das decisões projetuais senão a partir de suas execuções. A capacidade de previsão do que vai acontecer, após a obra pronta, e que a certeza de que o edifício construído vai corresponder às intenções contidas em seu projeto, repitamos, aumentarão com a sucessão de experiências vividas. Nenhum desenho no papel ou mesmo uma animação computadorizada de um espaço qualquer substituirá a sensação de nele estar, de vivenciá-lo. Mas a imaginação da experiência é, nesse caso, aquilo que mais dela se aproxima e é apenas praticando que se aprimora a fidelidade entre o real e o imaginário.
É imperativo começar a produzir, mesmo com pouca experiência e prática. Não se pode ficar parado esperando a competência para resolver os problemas a nós colocados cair do céu. As dúvidas para, a essa altura, solucionar arquitetonicamente um determinado espaço são numerosas pois existem diversos caminhos a tomar. Certamente os mais talentosos apesar de novíssimos sentir-se-ão tentados pela criatividade a inventar soluções, a buscar o inédito, enfim, a resolver personalizadamente o problema. Já os que se julgam comuns, aqueles que ainda não conseguiram abrir certas gavetas de suas mentes onde estariam suas criatividades, vêem na experiência alheia a única forma de darem saída para suas concepções.
Dos dois procedimentos acima citados, o que mais coerente nos parece ser é o segundo, pois, no desconhecimento dos caminhos, é bem mais seguro optar por aqueles já dantes percorridos do que arriscar novas trilhas. Isso não quer dizer que os primeiros projetos dos novos profissionais devam ser cópias dos trabalhos dos mais experientes. Optar pelos caminhos já percorridos significa não ignorar a tradição arquitetônica de um lugar. É bastante comum a assossiação do que é tradicional com o que é velho, antiquado. Entretanto, segundo Hassan Fathy, em sua obra Construindo com o povo - arquitetura para os pobres, "... a tradição corporifica as conclusões das experiências práticas de muitas gerações sobre o mesmo problema ..." e, a nosso ver, o abandono daqueles princípios significa, no mínimo, uma pedante atitude de achar que nossos predecessores não possuiam competência suficiente para resolver suas questões arquitetônicas. A tradição não perpetua aquilo que não presta ou não funcionou, e, projetar nela apoiado não significa imitar antigos edifícios existentes e sim trabalhar com os princípios e fundamentos neles contidos para a produção da nova arquitetura.
O conhecimento da tradição é fundamental não só para quem vai respeitá-la, como também para aqueles que pretendem dela se afastar, pois, para negar esses princípios é primeiramente necessário deles se inteirar, já que ninguém pode, de modo coerente, concordar ou discordar de algo que lhe é inteiramente desconhecido. Dessa forma, nem mesmo aquele pequeno grupo dos talentosos que se vê em condições de conceber propostas inusitadas está isento das influências dos velhos caminhos. Seus trabalhos deverão ser acompanhados de uma enorme atividade reflexiva para que, potencialmente embalados pela criatividade, não se percam nas concepções de suas obras de arte arquitetônicas, pois é bastante comum, devido à inexperiência, que no afã da busca do novo, do diferente, os talentosos produzam coisas de aspecto esquisito não enquadráveis em corrente alguma do pensamento arquitetônico.
Diante da hesitação, da insegurança, é preferível não querer inventar. Segundo podemos depreender das idéias do Prof. Edson Mahfuz, em artigo publicado na revista Arquitetura e Urbanismo, No.32, nem todos os edifícios tem a obrigação de ser monumentos arquitetônicos, alguns deles podem meramente com uma arquitetura simples e despretenciosa atuarem como pano de fundo para os edifícios mais importantes, de arquitetura mais complexa e elaborada, ou mesmo funcionar apenas para definir tridimensionalmente o espaço público. Se ainda nao nos sentirmos em condições de "riscar" os monumentos, façamos os panos de fundo! Cuidemos deles com seriedade, sem menosprezar sua importância no contexto da cidade. Só os talentos incomuns conseguem, com poucos anos de prática, produzir obras que possam ser consideradas monumentos. A ordem natural dos fatos é aquela que a própria história da arquitetura confirma, na qual até os principais nomes, no início de suas carreiras, tiveram também suas dúvidas, utilizaram como referencial o trabalho de seus predecessores e, é lógico, não obtiveram reconhecimento mundial aos 25 anos de idade.
Um dos maiores exemplos que a história apresenta é o do arquiteto Louis Kahn, considerado por Leonardo Benevolo como um dos grandes nomes do Movimento Moderno, de nível comparado aos de Walter Gropius, Frank Lloyd Wright e Le Corbusier. Kahn, nascido na Estonia, em 1901, emigrou para os Estados Unidos e lá iniciou suas atividades profissionais em 1925, depois de graduado pela Universidade da Pensylvania. Permaneceu anônimo até os meados dos anos 50, tornando-se famoso apenas aos 60 anos, após realizar alguns prédios que se destacaram no cenário arquitetônico norte-americano e mundial. Ainda de acordo com Benevolo, " a arquitetura de Kahn combina referências antigas e modernas com uma seriedade sem precedentes."
O próprio Le Corbusier, considerado como o grande expoente do Movimento Moderno na arquitetura, movimento esse que pregava, dentre outros fundamentos, a negação da utilização dos elementos arquitetônicos precedentes, projetou, no início desua vida profissional, residências que, apesar dele mesmo afirmar queestavam "livres da rotina arquitetural", possuiam aspectos de chalés tradicionais, bastante diferentes da mais conhecida configuração externa de sua vasta obra. Ele também levou muitos anos para construir seu prestígio pessoal, chegando esse a tão elevado nível que, segundo Leonardo Benevolo, colocaram o mestre acima das discussões.
Diante do exposto, podemos relaxar. Não no sentido de reduzir o ritmo de trabalho, mas no de aliviar a pressão que, ainda que inconscientemente, nos impomos para atingir o sucesso profissional. Certa vez, conversando com o Prof. Cicerino Cabral, ele me falou dos perigos de "baixar a cabeça" sobre a prancheta e produzir mecanicamente, esquecendo de fazer durante o nosso trabalho uma atividade reflexiva, na qual se busque o constante aprimoramento do nosso próprio nível, sem jamais adotar a vaidosa postura de ignorar nossos erros, pois é a partir deles que aprendemos e evoluimos. Transpostas essas armadilhas, certamente encontraremos lugar no mercado de trabalho, independentemente de sermos talentos natos ou não.
Calma, paciência. Ainda é cedo, muito cedo. Em uma entrevista a um canal de televisão, alguns anos atrás, o arquiteto Phillip Johnson, referindo-se a Mies van der Rohe, declarou que "ter 40 anos é ser um garoto em arquitetura." Portanto, segundo essa linha de raciocínio, ainda estamos engatinhando na profissão. Não adianta dar um passo maior do que as pernas pois, em arquitetura, só o tempo e a experiência as alongarão. Por enquanto, é melhor seguir a sabedoria popular da qual minha avó Celina era precisa porta-voz quando nos dizia: " Meu filho, quem corre cansa, quem anda alcança. Devagar, se vai ao longe... "

domingo, 3 de janeiro de 2010

Projeto II - 2009. Instruções para a entrega dos trabalhos.

Alunos, deverão ser entregues os seguintes desenhos, arrumados em pranchas, todos cotados e especificados interna e externamente:

- Planta Baixa (escala 1:50);
- Planta Baixa com Lay-out (escala 1:50);
- Planta de Cobertura (escala 1:50);
- 4 cortes (escala 1:50);
- 4 fachadas (escala 1:50);
- Planta de locação e situação (escala 1:200);
- Maquete eletrônica.

Todo o trabalho poderá ser entregue em arquivos eletrônicos, inclusive a maquete. Não há necessidade de plotagem, basta entregar um CD ou DVD com o material. Para aqueles que preferirem entregar o trabalho desenhado à mão, o produto é o mesmo, à exceção da maquete eletrônica, a qual deverá ser substituída por 2 perspectivas externas, com diferentes pontos de observação.

Lembrem-se que o dia limite para a entrega do trabalho será na segunda-feira, dia 11 de janeiro de 2010, até as 18:00, na Meia Dois Nove (Av. Gov. José Malcher, 629).